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A reportagem da revista TOP VIEW publicada no dia 29 de março, aniversário de 328 anos da capital paranaense, deu destaque ao novo espaço criado no Parque São Lourenço e reconhece Turin como um dos principais escultores brasileiros. Leia abaixo o texto na íntegra. (Crédito da foto em destaque: Guilherme Klock)

De Curitiba para o mundo

João Turin, escultor paranaense, ganhou destaque em uma revista internacional especializada em artes com o Memorial Paranista, espaço no Parque São Lourenço, localizado em Curitiba

Memorial Paranista é um novo espaço público, no tradicional Parque São Lourenço, localizado na região norte de Curitiba. O espaço é destinado a homenagear o Paranismo, movimento que surgiu no início do século XX com o objetivo de enaltecer os símbolos do Paraná e contou com a participação de intelectuais e artistas que cultuavam e divulgavam a história e as tradições do estado.

Lá também está o Jardim das Esculturas, de João Turin, projetado pelo jovem arquiteto Guilherme Klock junto com Fernando Canalli – inaugurado no final de 2020. Nele, estão 15 obras de Turin, todas em bronze.

Na segunda quinzena de janeiro de 2021, o Memorial e o escultor paranaense foram destaque na The Art Newspaper, revista de origem europeia especializa em arte que possui sucursais em várias partes do mundo. Segundo a publicação internacional, “o local vai encorajar o turismo e o desenvolvimento sustentável, com valorização da flora e fauna brasileiras – temas recorrentes do trabalho de Turin”.

“O novo acesso ao Memorial Paranista ergue-se como uma grande galeria em aço e vidro translúcido, que pede licença ao conjunto existente para conduzir a uma nova experiência e produzir uma sinergia capaz de organizar os espaços, distribuir as funções, orientar osvisitantes e conduzir às artes da fundição e à compreensão de nossos maiores mestres e das artes da proporção, modelagem e técnica”, diz Canalli.

Para Klock, há uma união da cultura com o meio ambiente nesse espaço. “Dessa forma, ressignificamos claramente a união indissociável do meio ambiente com a paisagem urbana fundida pela arte, por meio do Jardim das Esculturas, que insere definitivamente o conceito da obra do Movimento Paranista”, afirma.

Um dos grandes destaques do espaço é a obra Marumbi, que retrata duas onças em luta, e é uma das maiores feitas por Turin, com três metros de altura por quase três de largura. A peça possui, ainda, um metro de profundidade e cerca de 700 kg. O nome é uma referência ao Parque Estadual do Pico do Marumbi, um patrimônio mundial da Unesco, localizado em Morretes, litoral do Paraná.

Além de Marumbi, há, ainda, o Índio Guairacá II, Homem-Pinheiro, Pedagogia, Índio Guairacá I, Caridade, Onça Brincando com Filhote, Onças Brincando, Onça Espreita II, Fundação de Curitiba, Onça Descansando e Onça Espreita I.

Quem visitar a área dedicada ao movimento pode conhecer, também, um teatro, um café, uma loja com souvenirs de Curitiba, um centro de criatividade, um memorial dos fundadores da Escola de Belas Artes do Paraná, uma capela em memória às vítimas da Covid-19 e, na galeria, exposições permanentes – como a de 78 esculturas originais de Turin, feita com apoio do Museu Oscar Niemeyer.

O artista

Ícone do Movimento Paranista, criador da Escola de Música e Belas Artes do Paraná e considerado precursor da escultura no estado, João Turin nasceu em 1878, na cidade de Morretes (PR). O artista iniciou seus estudos acadêmicos em Curitiba, na Escola de Artes e Ofícios de Antônio Mariano de Lima. Com 18 anos, já fazia parte do quadro de professores da instituição. Todo esse talento no mundo das artes fez com que ele recebesse uma bolsa de estudos do estado para estudar na Real Academia de Belas-Artes de Bruxelas, na Bélgica.

Quando retornou ao Brasil, no início da década de 1920, fixou-se em Curitiba e passou a produzir um grande número
de monumentos, estátuas e bustos, aprimorando a técnica adquirida na Europa, que o consagrou como um dos mais importantes artistas do Paraná.

Em 1923, ao lado dos pintores João Ghelfi e Lange de Morretes, idealizou o chamado “estilo paranista de ornamentação arquitetônica”, que baseou-se na estilização de elementos da fauna e da flora do estado do Paraná, como capitéis, ânforas, floreiras e outros objetos.

Turin continuou sua formação e aperfeiçoamento, com influências simbolistas muito fortes, assim como Art Nouveau e Art Déco. A renovação estética do início do século XX não mudou sua forma de manifestar sua arte e ele deixou um grande legado de monumentos, bustos e retratos, sejam eles da própria natureza ou representações de animais. Boa parte desse acervo está conservado na Casa João Turin, em Curitiba.

Seus tigres são conhecidos no Brasil e, sobretudo, no Rio de Janeiro, onde estão o busto de Barão do Rio Branco, no Jardim do Méier, e o busto Emílio de Menezes, no Largo do Machado. Obrasdele também podem ser vistas na Praça General Osório e na Quinta da Boa Vista.

O artista faleceu em 1949 e deixou um acervo completo de moldes em gesso, como a obra As Quatro Estações, que foi reproduzida em bronze e posteriormente retocada pelo escultor Erbo Stenzel.

Toda a dedicação do artista o ajudou a conquistar os mais importantes prêmios do Salão Paranaense, do Salão Paulista e do Salão Nacional de Belas Artes, o que consagrou sua obra e colocou o Paraná em destaque no cenário nacional.

Trajetória

1878 

• Nascimento do artista, em 21 de setembro, em Porto de Cima, região de Morretes, Paraná.

1890 

• Turin passou a ajudar no sustento de sua família.

• Aprendeu a entalhar madeira e começou a fazer testes, produzindo cabeças de Cristo, de seu pai e de Garibaldi.

 1896

• Apareceu nos anais da Escola de Artes e Indústria como aluno-professor.

 1905

• Submeteu uma petição à Assembleia Estadual para estudar escultura no Rio de Janeiro ou na Europa. O artista conseguiu uma bolsa de 100 mil réis mensais e optou por estudar em Bruxelas.

1906

• Chegou em Bruxelas doente e depressivo e foi acolhido pelo escultor Zaco Paraná.

• Matriculou-se na Academia Real de Belas Artes, onde foi aluno de Paul Dubois, Victor Rousseau e Charles Van der Stappen.

 1910

• Formou-se e, em seguida, foi embora para Paris

1914

• Com João Ghelfi, alugou um ateliê em Montparnasse, onde iniciou suas atividades como escultor independente.

• Participou do Le Salon des Artistes Français do ano, com o busto de Lèon-Mac-Auliffe.

1919

• Passou a integrar a equipe do escultor Eugéne Molineau.

• Formou-se e, em seguida, foi embora para Paris.

1914

• Com João Ghelfi, alugou um ateliê em Montparnasse, onde iniciou suas atividades como escultor independente.

• Participou do Le Salon des Artistes Français do ano, com o busto de Lèon-Mac-Auliffe.

1919

• Passou a integrar a equipe do escultor Eugéne Molineau.

*Matéria originalmente publicada no Caderno Especial Curitiba 328 anos, na edição #247 da revista TOPVIEW.