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Entre o acervo deixado pelo artista, baixos-relevos se tornaram peças emblemáticas como Pedagogia, Caridade e o símbolo do movimento paranista, Homem-Pinheiro

Entre as mais de 400 obras realizadas pelo artista João Turin (1878-1949), destacam-se os numerosos baixos-relevos que produziu. Esta técnica consiste em esculpir uma figura em uma superfície plana, de modo que a imagem fique em destaque em relação ao fundo. “Conta-se entre os baixos-relevos algumas das obras mais importantes executadas por Turin, não apenas pela qualidade técnica como pelo apuro formal”, segundo seu biógrafo, o crítico de arte José Roberto Teixeira Leite, no livro “João Turin: Vida, Obra, Arte”. 

Inspirado no Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci, Turin criou o Homem-Pinheiro, ícone do movimento artístico Paranismo. (Foto: Maringas Maciel)

O baixo-relevo é uma técnica escultórica que foi muito utilizada na arte clássica e renascentista, e ainda é bastante valorizada nos dias de hoje.  Requer habilidade e precisão do artista, pois é necessário esculpir a figura em profundidades diferentes para criar a ilusão de tridimensionalidade e profundidade, além de trabalhar com sombras e luzes para dar a percepção de volume. Teixera Leite afirma que determinados baixos-relevos de Turin tiveram influência de Art Deco. “Também se pode neles ver a influência de Donatello, por exemplo, e mesmo da arte egípcia”, conclui. 

Temática diversa

João Turin abordou diversas temáticas dentro desta técnica, como retratos, futebol, povos indígenas, animalismo, entre tantos outros. A obra originalmente denominada “Ilustração Paranista”, mais conhecida como “Homem-Pinheiro” está entre seus baixos-relevos mais populares, sendo uma das imagens mais icônicas do Paranismo, integrando o homem com elementos do Paraná. Também bastante conhecida, “Fundação de Curitiba” representa a lenda de como teria surgido a capital do Paraná. “Pedagogia” é considerado um de seus melhores baixos-relevos. Com grande detalhismo, mostra uma professora rodeada e crianças segurando materiais escolares. Pode ser vista na entrada do Instituto Estadual de Educação Dr. Caetano Munhoz da Rocha, em Paranaguá, no litoral paranaense. 

A imponente Pedagogia também integra o acervo permanente do Memorial Paranista. (Foto: Maringas Maciel)

Em diversos outros pontos do Paraná é possível apreciar os baixos-relevos do autor, inclusive em praças públicas, como no Monumento Comemorativo ao Centenário da Colonização Alemã (na cidade de Rio Negro), no monumento ao General Gomes Carneiro (no município da Lapa) e em Curitiba, na Praça Tiradentes, onde estão dois baixos-relevos no Monumento à República. 

Por meio desta técnica, Turin também retratou pessoas, incluindo alguns de seus amigos ilustres, os artistas Theodoro De Bona e Zaco Paraná, como uma forma de homenageá-los. “Nos baixos-relevos, João Turin fez muitos retratos, sempre praticando a Lei da Frontalidade”, explica a professora Elisabete Turin, sobrinha-neta do escultor, referindo a uma característica muito presente na arte egípcia. “Nas imagens de gênero, como as representações de indígenas ou arte religiosa, ele fazia um pouco diferente, em que as pessoas estão de corpo inteiro. Isso é um diferencial”, completa.